Entre ensinar e aprender: reflexões de uma professora

Raquel Caram é docente dos cursos de Comunicação da Uniderp

Por Raquel Caram

"Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende", clássica frase do escritor brasileiro, Guimarães Rosa, constantemente lembrada por professores, que verbalizam ao refletir os desafios da profissão: aprendizados são constantes, e de toda ordem, na trajetória profissional e pessoal.

Poderia simplificar, nesta frase, os sentimentos que me envolvem ao escrever sobre a importância da missão do Professor, para celebrar nosso dia 15 de outubro, pois, longe de ser simplória, é repleta de camadas vividas em sala de aula, ou fora dela, traduzindo a imensurável missão da docência.

O conhecido professor de ética e filosofia, Clóvis de Barros Filho, citou, em uma entrevista, o sentimento de se encantar com o que faz, o que ele chama de “potência de agir”, refletindo a alegria de estar em sala de aula, que o faz entender que a felicidade “é a passagem do estado da potência de agir do próprio ser”.

Quando, lá na infância, encontro na memória a resposta à pergunta sobre o que queria ser quando crescesse, só me lembro de responder: Professora! Meus professores no Ensino Básico me deram bons motivos, sentia que amavam o que faziam, e ainda me lembro de seus afetos e seus rostos (onde estariam?)

Naquela época, não pensava que, antes de ser professora, deveria estudar e me formar para ser... Mas, tive a sorte de me tornar uma, o instrumento para intermediar o conhecimento daquilo que gosto de aprender. Talvez, mais que conteúdo, conviver intermediada por relações humanas, com trocas em ineditismos de sala de aula, me fez de fato aprender: eu, que gosto da rotina, me fortaleço sem saber o que ou quem encontrar na próxima turma; que aprendi que planejamento é indispensável, e várias vezes preciso alterar tudo no momento da aula, em improviso renovador; que gosto de ser cautelosa nas palavras, certas vezes preciso conhecer a outra face de quem ainda não tem este viés; que pesquiso para entender os assuntos, e descubro que eles nunca se esgotam; que idealizo e sem sempre alcanço; que gosto de reconhecimento, mas quem é convidada a reconhecer o outro, sou eu... Talvez o encantamento de ser professor seja exatamente este: “encontros inéditos sem fórmulas”, mas que transformam, que somam o amor ao próximo à missão divina, transformando ambas relações, criando elos que se perpetuam e nos fazem ainda mais felizes ao encontrar o aluno de hoje, sendo o bom e responsável profissional do futuro, e constatar que ele não o esqueceu.

Guimarães Rosa e Clóvis de Barros, em épocas tão distintas, acertaram em suas convicções: os valores compartilhados em momentos de aula me afetam, me modificam, transformam meu mundo e me trazem muitas realizações!

A todos os Professores (com letra maiúscula), feliz dia dos professores